Esse é um texto reflexivo, por mais que possa contar com algumas referências da literatura. Quem nunca ouviu no trabalho, aquela frase clássica: — Isso é para ontem! Bom, eu acredito que o dia a dia pode nos reservar imprevistos e mudanças inesperadas. Como se fala muito, nós estamos na era digital, no mundo VUCA, entre outros termos que representem a velocidade e incertezas das coisas atualmente. Contudo, existem diferenças entre uma necessidade “pra ontem” e uma gestão do “pra ontem”. Sobre esta reflexão que vamos tratar nesse artigo. Convivemos ao longo do nosso dia com situações que requerem uma tomada de decisão. Essas situações vão das coisas mais simples até as mais complexas, como escolher sair de casa com algum agasalho ou não, ou mesmo escolher como usar o nosso dinheiro de forma inteligente. Nas empresas muitas decisões ficam a cargo de pessoas com determinadas hierarquias. O mínimo que se espera são boas decisões por parte dessas pessoas. Quando estamos falando do ambiente empresarial algumas características básicos da administração deveriam ser consideradas, como o planejamento, a organização, o direcionamento, o controle e outros. Bom, mas não vou fazer confusão, quando falamos de gestão nem sempre estamos falando de administradores. Em muitos casos a gestão é uma posição que se assume, o objetivo aqui não é discutir como essas pessoas chegam nesse lugar, mas sim como elas tomam decisões quando estão nesta posição. Minimamente se espera de uma gestão, um planejamento, metas, objetivos, indicadores de acompanhamento e desempenho. Estes pautados em características plausíveis, que façam sentido para o negócio. A gestão de riscos é fundamental, seja com qual for a ferramenta utilizada, uma planilha, um Kanban, uma matriz GUT, Matriz de incertezas ou outras. Bom, ainda assim podemos ter algumas necessidades “pra ontem”. Contudo, com que frequência que essas necessidades se repetem? Quando eles poderão estar em um nível básico de controle ou previsibilidade? Quando tudo que é feito é “pra ontem” como fica a gestão? A gestão “pra ontem” é um fenômeno da má gestão. Além de uma provocação que eu faço. A má gestão consiste na falta da aplicação adequada de recurso para manter a eficiência e eficácia do processo organizacional. A gestão “pra ontem” pode ser considerada resultante da ausência de planejamento, ou de um planejamento inadequado, da falta do uso de ferramentas de gestão de riscos ou incertezas. Como apresentado anteriormente uma posição na gestão pode ser alcançada de diversas formas, assim, a gestão “pra ontem” pode ser resultado da falta de algumas hard ou soft skills. Um foco da alta gestão em nível estratégico enfrentam divergências frente aos resultados operacionais que podem ser alcançados também pode incrementar este fenômeno. A necessidade “pra ontem” e a gestão “pra ontem” causam problemas similares, contudo suas proporções são diferentes. A necessidade “pra ontem” promove o chamado “ato heroico”. Neste ato alguns integrantes, ou mesmo toda uma equipe precisa desempenhar muito mais no menor tempo possível. Melhorar o desempenho é algo positivo para uma equipe, mas isso quando falamos de condições minimamente gerenciadas. Na necessidade “pra ontem” esse desempenho vem acompanhando da pressão excessiva (normalmente vivemos sob pressão), cobranças repetitivas, até mesmo alguns conflitos ou desentendimentos. Quando a melhora no desempenho não possibilita o alcanço do alvo, seguimos então para as horas extras ou as horas a serem compensadas no futuro. No final o alvo pode até ser alcançado, mas um efeito colateral chega por consequência, o desgaste dos profissionais. Assim aumentadas as proporções na gestão “pra ontem” o cenário anterior passa a se tornar uma constante. Neste caso, além do desgaste dos profissionais, esse ciclo repetitivo favorece o turnover (rotatividade dos profissionais). Ao fenômeno da gestão “pra ontem” podem existir várias causas para a sua origem. Mas, ao mesmo tempo, nesta era digital, no mundo VUCA, as demandas que são excessivas, geram também muitos artefatos/produtos para tentar reduzir os impactos destes excessos. Para atender as demandas surgem e ganham notoriedade a gestão ágil, a adoção de Data Driven, novas ferramentas de gestão, a gamificação na gestão empresarial, a ressignificação de ferramentas de gestão e qualidade. Pode ser muita coisa nova, mas com esses recursos cabem alternativas para a gestão e para alta gestão minimizar a gestão “pra ontem”.
Assertivo (diferente de) Acerto
Há algum tempo venho percebendo que o mundo corporativo procura estabelecer um glossário para facilitar a comunicação. Mas, o que me preocupa mesmo é quando as palavras adicionadas a esse glossário fogem do seu sentido comum. Um alerta maior é disparado quando acontece a reprodução de termos que não corroboram com o dicionário de português. Durante as reuniões de gestão de projetos, avaliações de processo, cerimônias corporativas, ou outros eventos surgem algumas frases celebres. Diante daquele indicador de projeto que precisa ser alcançado ou da aderência esperada ao processo ou em alguns momentos como estes, me atento para a frase que pode ser proferida (sim, eu estou falando sobre ela): – Temos que ser mais assertivos! Então, de fato no português temos a palavra “acerto”. Mas, também temos a palavra “asserto”. O que acontece neste momento é que na celebre frase anterior a palavra utilizada vem do radical “asserto”. Bom, é isso mesmo… Mas, você pode estar se perguntado o motivo se ser usado o radical “asserto” invés de “acerto”, certo? De forma objetiva não levarei o texto ao campo da etimologia (estudo da história e origem das palavras), mas farei um paralelo entre as palavras. A palavra “asserto” está para assertivo e “acerto” está para acertado. Este fato pode ser verificado nos dicionários de português. Enquanto “asserto” é uma proposição afirmativa, uma assertiva. Algumas definições ainda trazem que é uma afirmativa que se julga verdadeira. Temos que “acerto” é o ato ou efeito de acertar, de fazer certo. Então, a preocupação citada é que o uso da palavra “assertivo” não está para o radical “acerto”. Logo, a frase “Temos que ser mais assertivos!” é sim de certa forma “compreendida” pelos integrantes dos eventos, mas diante ao dicionário ela acaba gerando um sentido diferente do esperado pelo emissor. O sentido esperado dessa frase, normalmente, se refere a acertar (alcançar) um determinado indicador ou a acertar (atingir) uma determinada aderência ao processo. Além disso, se espera que os esforços dos interlocutores sejam voltados para realizar as ações necessárias, de modo que a meta em questão seja atendida. Este sentido esperado é diferente do que se caracteriza ser assertivo ou assertar, ou seja, apresentar uma proposição afirmativa que possa ser julgada como verdadeira. A provocação deste artigo curto é de fato a avaliar o glossário corporativo. Uma construção de termos com sentido comum a todos os interlocutores é fundamental como facilitador do entendimento das assertiva, mas é primordial o acerto na escolha das palavras. Caberia o ajuste dos discursos que envolvem a palavra “assertivo” que diferem do sentido contidos nos nossos dicionários ? Certo que não fiquem apenas com as minhas parcas palavras seguem algumas referências que se aproximam dessa temática. https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/ser-assertivo-tem-a-ver-com-estar-certo/ https://duvidas.dicio.com.br/assertividade-ou-acertividade/ https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/o-que-e-assertividade/


